Hoje vou uma contar nossa historinha sobre nossas visitas ao pediatra. Confesso que eu preferia que fosse ao Zoológico, ao parque ou ao Brasil (rs).
Desde que Clarinha nasceu (hoje 1 ano e 6 meses), vamos com uma certa frequencia ao pediatra. Ela nasceu muito bem, de parto normal e tudo parecia reagir bem. Já estava decidido que a amamentaria exclusivo e a livre demanda e estava feliz.
Os primeiros dias nao foram fáceis, muita mudança, muita informaçao ainda nao absorvida, eram tantas as preocupaçoes que atormentavam meu coraçao, que nao me deu tempo perceber que Clara sofria de refluxo. Eu via que sempre durante e após a amamentaçao ela estava incomodada, regurgitava muito e o sono era inquieto.
Esperei uns dias antes de falar com seu pediatra, mas a situaçao ao invés de melhorar, só piorou.
Ao chegar no consultório contamos toda a história, ele a examinou, fez inúmeras perguntas e disse que nao achava que era refluxo, que eu deveria alimentá-la sentada e elevar bem a cabeceira, e qualquer dúvida voltasse. Pra falar a verdade eu achava que era refluxo, mas também achava que devia confiar no seu médico.
Os dias foram passando e mesmo com todos os cuidados, Clarinha continuava regurgitando muito e já nao dormia, nem de dia e nem à noite. O sono era inquieto e chorava muito.
Voltamos ao pediatra e depois de outras inúmeras perguntas e um exame clínico, resolveu tratar como refluco. Iniciamos o tratamento e com 1 semana de tratamento vimos que tudo continuava igual.
Já nao voltei ao médico, preferi observar, manter a calma, usar meu instinto materno e meus dons de enfermeira pediátrica (rs). E quando vi que o tratamento pouco funcionava, resolvi tratar com o pediatra do ambulatório e nossos dias eram assim, visita constante ao pediatra.
Foram duros 7 meses de tratamento, tanto para ela quanto para nós, mas que graças a Deus foi corrigido. Cheguei a pensar que teria que deixar de amamentá-la, tinha medo que o médico tomasse esta decisao, mas os anjinhos estavam do meu lado e ouviram minha oraçao.
Agora vou contar a parte difícil desta história. Clara tinha 4 meses, o intestino começou a ficar lento, muito lento, ao ponto de demorar 5-7 dias para funcionar. Fiquei triste, era muito para minha pequenininha, já nao pensava no meu cansaço, eu só queria que ela estivesse bem.
Quando vi que já eram muitos dias, marquei outra vez com o pediatra e lá vamos nós contar toda a história. Ele passou um medicamento em pó, agora mesmo nao lembro o nome dele. Ficamos com ele mais ou menos uns 2 meses, intercalando com supositório de glicerina e dieta laxativa. Desta maneira, a cada 2-3 dias, o intestino funcionava. Estava confiante, mas nao estávamos livres das visitas ao pediatra :o(
Quando ela completou 11 meses, o pediatra começou fazer caras (eu nao gostava nada da cara dele) e antes de investigar com métodos invasivos, nos deu um segundo medicamento, este mais forte. A dieta continuou laxativa, iniciamos com o novo medicamento e o supositorio era administrado a cada dois dia, caso o intestino nao funcionasse. Esperamos 1 mes para saber se realmente o intestino corregia e nada mudava. Realmente comecei a ficar preocupada e voltamos ao médico.
Desta vez, entrei diferente, queria entender o que podia estar acontecendo com o meu bebê. O pediatra no intento de me tranquilizar me explicou que algumas crianças demoram para corregir e que podia ser considerado funcional até uma certa idade. Talvez eu tenho escutado ele dizer 1 ano e meio, já nao tenho certeza. Nesta consulta ele perguntou se eu ainda amamentava e respondi que sim, o meu coraçao quase saiu pela boca, pensei que ele fosse pedir para parar, mas nao. Era só pra saber como era a alimentaçao dela, ufa!
Saimos do consultório com uma dose maior, os horários ficaram mais rígidos e no final, diferente de antes, queria que em 8 dias entrassemos em contato com ele. Confesso que saé de lá mais triste que antes.
Já chorei muito, já pensei em muitas coisas ruins e resolvi fazer uma oraçao em favor desta causa, que para mim é muito angustiante.
Já nao aguentava ver a carinha de sofrimento da Clara e agonia na hora de fazer coco. Este horário tornou a ser de grande expectativa para nós. Digo nós a familia inteira mesmo, até a Laura bati palminhas quando ela faz coco.
Houveram dias em que só com a medicaçao funcionava, cheguei a passar meses sem necessitar do supositório. As consultas diminuiram e falávamos com seu pediatra somente por telefone.
Até que o intestino deixou outra vez de funcionar, mesmo com medicamento e com 14 meses voltamos ao pediatra. A primeira perguntou foi sobre a alimentaçao. Contei que ela nao era de comer grandes quantidades e que também nao gostava de tomar muita água, preferia o peito. Entao, escutei um "peito?", você ainda amamenta? e quer amamentar até que idade?
Me senti num interrogatório policial. E respondi firmemente, até que ela desista doutor! Eu amo amamentar e ela também, sei que já reclamei muito neste consultório de nao dormir pelas madrugadas e que nao aguentava mais. Mas quando ela deita sobre mim e juntas nos olhamos e trocamos carinho, eu esqueço de tudo. Ele me olhou, olhou nos meus olhos e disse: pois agora preciso que você deixe de amamentar, preciso saber se o seu leite está interferindo no tratamento. Neste momento meus olhos se encheram de lágrimas e segurei para nao chorar. O momento que eu mais temia chegou e agora o desmame nao seria natural, seria provocado. Nao estávamos preparadas!
Ele pediu retorno em 15 dias e que se pudesse iniciar o desmame quanto antes, se possível assim que saisse do consultório, melhor. Só pensei em uma palavra: "insensível".
Eu nao iniciei o desmame, pelo contrário, amamentei, amamentei e amamentei ... como se fosse a última vez e ela há dias estava gripadinha e sem apetite e só queria peito.
Meu marido veio conversar comigo, eu sabia que ela estava do meu lado e nao queria me machucar. Só queria que eu entendesse que o tratamento era necessário e que como sempre me apoiava em tudo, mas era importante seguir as palavras do pediatra.
Eu abri o meu coraçao e disse que assim que ela tivesse uma melhora, eu iniciaria o desmame e depois daquela conversa e daquele dia nao voltamos a falar com seu médico.
Hoje, ela tem 17 meses e há 16 atrás tomei uma decisao, uma séria decisao. Iniciei o desmame.
Me senti preparada e como estamos de férias na casas dos meus sogros, só voltamos para casa alguns dias da semana, achei que era um momento oportuno. Percebi que seria bom para ela em todos os sentidos, precisamos descansar, ela precisa aprender a dormir, já que acordava de 3-3 horas para tomar "tete". Eu, realmente quero ajudá-la e se for realmente o leite materno que esteja interferindo no seu tratamento, nao me perdoaria.
Os primeiros dois dela eu chorou quase 2 horas de madrugada e com uma dor enorme no coraçao eu nao abria mao, mantive minha decisao.
Doeu muito ve-la tao brava e implorando seu tete. Mesmo porque ela nao toma nenhum tipo de leite, nao gosta de cereais, nao toma mamadeira de jeito nenhum. Entao decidi por enquanto, até que eu consiga substituir o leito por outro alimento, amamentá-la pela manha. Nao sei se estou fazendo certo ou nao, mas estou feliz, porque desde o segundo dia de desmame ela consegue dormir a noite inteira, e estamos devagarinho nos desligando.
Agora querem saber se o intestino está melhorou? Pois nao, continua do mesmo jeito
Ainda é uma interrogaçao e que será investigado no próximo mes. Só peço a Deus que nao seja nada grave, que seja funcional, que seja corrigido com o tempo, porque já nao aguento tanta inquietaçao no meu coraçao.