Eu há algum tempo estou passando por momentos difíceis aqui na España. Vivo numa cidade de aproximadamente 200 mil habitantes. Gosto muito de viver aqui, temos boa educação para nossos filhos, boa saúde, bom transporte, mais infelizmente um tremendo desemprego, devido uma crise que se instalou há mais de 2 anos.
Quando cheguei fiz amizade com uma brasileira, uma querida e com um coração do tamanho do mundo. Era minha companheira, minha amiga e devido a crise teve que voltar para o Brasil. Desde então, estou um pouco perdida, sem ninguém para conversar. Algumas pessoas podem até me questionar? E o seu marido? Pois é, acho que compartimos muitas coisas juntos, muitas conversas, projetos de vida e eu só posso dizer que ele é o me apoio, meu companheiro, minha vida. Mas sinto falta das minhas amigas, das conversas, dos momentos que falávamos bobeira, que ríamos à toa, saudades das vezes que chorei e que choraram no meu ombro...e aqui não é assim.
No começo as pessoas se aproximavam de mim com um único intuito "saber da minha vida", logo percebi e entao resolvi me afastar e seguir meu caminho. Tive uma gravidez cheia de tropeços e poucos me apoiaram e me vi muito sozinha. Minha sogra sempre dizia "às pessoas aqui são assim", somos diferentes dos brasileiros. Estou cheia da tal "cultura", da bendita frase "aqui é assim ou é assado", "não fazemos assim fazemos assado" e eu tenho que engolir tudo. Será que fazer uma ligação e perguntar se está tudo bem também é questão de cultura? Será normal numa cidade tão pequena encontrar com familiares somente no dia das mães ou confraternização de final de ano? Será normal passar 2 meses sem ver meus cunhados (por parte do marido) e escutar a famosa frase "Quanto tempo! correria danada" e vivemos a 3-4 quilômetros de distância?
Estou decepcionada com as pessoas e isso influi radicalmente na minha vida. Estou melhor, mais sempre me questiono. Cultural? ou educação?
Estou em uma luta constante em mudar meu comportamento, de não esperar muito das pessoas, de ser mais firme e cheguei à conclusão que fui educada assim. Minha mãe é assim, eu sou assim e espero que minhas filhas sejam melhores do que eu.
É isso, acho que muitos hoje em dia só tem tempo para olhar para seu próprio umbigo e não estão preocupados com ninguém. Só enxergam aquilo que lhes interessa, e que lhes trazem algum tipo de benefício. O pior é ouvir dessas pessoas o valor da família e da amizade e sinceramente gostaria de ver cada uma dessas pessoas no meu lugar.
É isso!Desabafei, tô melhor! :o)
4 comentários:
Jô querida,
nem preciso dizer que te entendo e muito!! Claro que os portugueses são diferentes dos espanhóis, mas de todo jeito ninguém neste mundo é igual ao brasileiro. Nós nos abraçamos, né? Eu às vezes vou cumprimentar uma pessoa aqui e dou um mini abraço a pessoa logo estranha, acho que pensa: "Esta doida está mesmo me abraçando??" rs...
Jô tem dias que acho até que estou começando a deprimir... Sinto falta de carinho, de abraço, de família... Mas sejamos fortes, amiga, principalmente pela nossa nova família (marido e filhos) porque certamente será muito importante para eles crescerem nestes países mais desenvolvidos, com muito mais cultura e segurança, pensa nisso...
O Brasil sempre vai estar lá e as pessoas que amamos também, se precisar um dia a gente volta, porque não??
Beijos querida Jô!!
Oi Josie.. entendo o quanto deve ser chato.. pq tudo q vc achar de ruim, eles vão falar a mesma coisa "aqui é assim", e ás vezes nem é.. é falta de educação mesmo.. aqui no Brasil existe o calor humano q todo mundo chega, conversa, faz amizade e tal.. mas tb tem os q só querem saber da sua vida.. super normal né?! Não mesmo!! Mas não fique triste.. se sentir sozinha sem amiga, acontece e muito com nós.. mesmo estando rodeada de um monte deles!! Boa sorte!! Lili do Luanzinho
Fe, acho que vc tem toda razao e é bom poder compartilhar com alguém que entendi perfeitamente o que estou sentindo.
Tem dias que eu me sinto assim, sozinha, com vontade de abraço, carinho, afeto. E olha que aqui no norte às pessoas sao mais alegres e carinhosas kkk. Enfim, acho que temos que ser fortes sim, e como vc falou: O Brasil sempre vai estar lá e sempre que eu puder, quero estar. Um super abraço
Lili, obrigada pelas palavras querida. Tem dias que estao mais sensíveis, outras mais fortes...Sei que nao é tao diferente no Brasil, se eu estivesse aí, talvez também nao tivesse tempo de estar com os amigos, vivia numa correria danada, mais me sentia mais protegida, nao sei se vc me entende. Bom, com tanto conselho, já tô bem melhor e é muito bom poder contar com vcs. Beijo beijo
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