quinta-feira, 28 de julho de 2011

O PARTO

E o parto? Ah! o parto :o)

No finalzinho, o parto ganha o seu protagonismo, só pensamos nele e milhoes de medos invadem nossa cabeça. Será que vai doer, a bebê vai nascer bem? eu vou ficar bem? E outro medo que tive foi,  como será o parto nos hospitais daqui?
E aqui eles dao preferência ao parto normal e só no último caso eles fazem cesárea.
Na cidade onde eu moro só tem um Hospital Universitário e a maioria escolhe ter o bebê lá, porque é considerado um bom hospital e porque tem mais recursos que um hospital particular nao têm.

Entao quando engravidei, já sabia onde teria o bebê! No fundo eu nao queria, pois sempre pensei que nesse dia é tao importante ter privacidade, receber um atendimento individualizado, nao ter muita movimentaçao no quarto, receber suas visitas e nao as visitas do vizinho.  Confesso que fiquei um pouco decepcionada.
Voltando ao assunto parto ... acho que no fundo eu queria um parto normal, porém o diagnóstico de CIUR (crescimento intra-uterino retardado), era um ponto de interrogaçao. Podia ser que sim e podia ser que nao.

Eu tinha lá minhas dúvidas, já nao acreditava no que me diziam, como a maioria dos médicos, falam muito pouco e aqui quase nada. Entao eu ficava com aquela dúvida e o medo só aumentava. Contar o que sentia parecia bobeira, porque às pessoas pareciam nao me entender, acho que que todos estavam bem preocupados e nao queriam transmitir, e a forma que encontraram era fingir que estava tudo bem.
Eu completava 40 semanas no dia 10.10.2010, sendo que eu já estava em observaçao desde o início de setembro, caso ela deixasse de vez de ganhar peso. Eu fiz direitinho o repouso, mesmo porque meu único desejo era que a placenta nao parasse de funcionar e que chegasse pelo menos parte do que eu comia. E para minha surpresa ela engordou no último mês, porém o último ultrassom foi preocupante, porque ela passou de um percentil 10 para um percentil 3 e entao resolveram me internar.

Internei no dia 13.10.2010 às 8 horas da manha.
Me acompanharam até o quarto e parecia tudo tranquilo, tomei café da manha e fui para a sala de pré-parto. Lá eles colocaram uma medicaçao para induzir o parto e explicaram que eu começaria a sentir contraçoes irregulares.

Estava monitorizada o tempo todo, entao tinha pouca mobilidade (o que era chato), teria que pedir ajuda para levantar, sentar, ir ao banheiro, etc. A equipe médica e de enfermagem bem, sempre com um sorriso no rosto e demonstrando prontidao para o que fosse necessário.

As horas foram passando e as contraçoes aumentaram, mais sabia que nao eram suficientes. O meu marido se revezava com minha sogra e minha cunhada. Quando as dores aumentaram eu nao queria mais ninguém, só o meu marido. E a tao famosa contraçao foi sentida às 17h, quando pensei em desistir (rs).
Eram irregulares e muito dolorosas.

A equipe continuava com o sorriso no rosto e eu com um sorriso amarelo. Perguntava se estava tudo bem com o bebê e sempre respondiam que sim, que estava tudo bem.

Às 19h eu já chamava minha mae, tadinha! E nao é que apareceu  um médico, sabe Deus de onde saiu aquele homem, nao se identificou, nao conversou comigo. Quando vi que ele ia me examinar, pedi pelo amor de Deus que esperasse um pouco, que estava vindo outra contraçao, e ele nem "chum". Me examinou de uma maneira tao grosseira que vi estrelas e no final disse que eu nao tinha nem 1 cm de dilataçao e que a minha dor nao era pra tanto. Quem é ele pra saber da minha dor, me deixaaa!!! Administraram um analgésico intra-muscular que nao fez nem cócegas.

Às 21:40h eu já nao podia suportar e pedi que por favor viessem me avaliar e que administrassem a bendita epidural. Entao veio uma médica, a mesma que colocou o medicamento para induzir o parto pela manha e olhou para a enfermeira e disse 8.

Eu, 8!!!! 8 O QUÊ?? O sorriso amarelo era meu e deles. sairam de fininho dizendo que iam buscar a epidural. Pedi pro Pablo verificar o que estava acontecendo, pois eu havia sido orientada que eles colocariam a epidural com 2 ou 3 de dilataçao. Será que eles estavam mentindo pra mim?  "Pô! o dia inteiro no hospital e gentileza pra cá e pra lá e no final comerem bola? Alguém me perguntou se eu estava preparada para um parto sem anestesia? NAO!

Às 22h troca de plantao (é muito azar, né!) e entra uma enfermeira obstetra, me examina e diz 10. Empurra mamae, sua filha vai nascer. E ainda pensei, será que nao dá pra dar uma amenizada antes nas contraçoes (rs), que bobinha inocente.

Agora eu, euzinha...que fiz todos os cursos pré-parto e imaginava a coisa bem diferente, nao sabia que em meio às contraçoes eu ainda teria que segurar minhas pernas e empurrar como nossas avós empurraram.
Quando ela viu que Laura já vinha ao mundo, me passou para o pré-parto e pediu pra eu fazer toda força que eu pudesse, quando chegou uma residente perguntando se podia fazer o parto!!! A enfermeira disse que simmmm e eu ainda tinha que esperar a bonita se trocar. O quê? pois juntei todas as forças que eu nao tinha e às 22:40h coloquei minha filha ao mundo. Esperar quem? kkk
Ela nao gostou, mais devia ter perguntado pra aquela  mae que recebeu anestesia, nao a mim que já estava há mais de 12 horas. Laura veio com o cordao no pescoço e recebi muitos pontos. Nao conseguia parar de pensar na minha bonequinha, mais também nao conseguia parar de pensar no médico que nao soube respeitar o momento mais importante e especial da minha vida. O nascimento da minha filha! 

Diante de um parto cheio de tropeços, eu escolho com certeza o momento que minha filha nasceu, o momento que a colocaram nos meus braços e eu a abracei. Neste momento o mundo era só nosso. Eu já começava a provar do verdadeiro amor! O papai esteve ao meu lado em cada instante, e nao esqueço dos olhos do Pablo olhando pra Laura. Foi especial!

Eu gostaria que tivesse sido diferente, mais nao foi. Espero contar outra história no próximo parto. E espero que um dia os profissionais da área da saúde tenham sensibilidade e compromisso com o próximo e chega dessa história que toda primigesta ou mae de primeira viagem como queiram chamar, necessitam de menos atençao. O parto até pode demorar mais, a mae reclamar mais... porém a atençao tem que ser a mesma pra todas, seja mae de segunda, terceira ou múltipla viagem. É isso!

Perguntas que nao querem calar...

Quando têm que romper a bolsa?
Num diagnóstico de CIUR, o melhor é parto cesárea ou pode ser o normal?
Porque nao colocaram a epidural, já que meu parto foi programado?
Era realmente necessário dar o complemento com um peso de 2420g?

Agora que vou ter o segundo, a coisa vai ter que mudar! Senao boto a boca no mundo!


Um comentário:

Fernanda disse...

Oi Jô!!
Achei o parto por aí bem parecido com o de Portugal... Sinceramente também fico frustrada com o jeito como os partos são conduzidos... Acho o atendimento muito impessoal e entendo bem porque as mulheres anseiam por melhor atendimento (até entendo porque tanta gente hoje em dia quer parto domiciliar). No fundo todos querem é ter um atendimento humano, respeitoso e carinhoso, fico pensando até que ponto também tenho culpa, dificilmente faço um parto que comecei a induzir porque meus turnos são de 12 horas e até pegar o trabalho de parto geralmente quem faz é o médico do outro turno. Não sei o que fazer... Infelizmente é assim que funciona o "sistema"... Tenho certeza que seu próximo parto vai ser MUITO diferente e melhor... Se precisar de algo me fala... Beijos!!

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